terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Pequena Crônica de uma Grande Posseção

Houve um dia em que dei com Clara saindo de sua casa. Cheguei de surpresa e lá estava ela. Inicialmente, curiosa, perguntei o que fazia ali e de repente a compreenção me atingiu. Você andara escrevendo nela. Ainda podia ver a tinta borrada em seu antebraço e os trechos dispersos em suas coxas. Vendo sua consternação voltei-me para sua porta passando por ela sem dizer nem bom dia, eliminando assim sua existencia no plano das coisas dignas de minha atenção.
Te vi na cama, adormecido com a caneta ainda repousando no travesseiro. Pensamentos vis cruzavam minha cabeça e para que não ocorresse uma tragédia decidi me vingar da forma mais completa que podia. Saí de sua casa e vida carregando comigo todas as suas canetas. Tornando-o assim incompleto e tirando de você os meios de voltar escrever em outra que não eu.

Gabriela Tavares
14/12/2010 - em algum momento da madrugada.

Palavras Tímidas

Porque será que as palavras não saem?
Correm pela cabeça
Apressadas
E ao tentar formulá-las
Ficam tímidas
E eu as perco
Não sei por que tanto recato
São lindas as minhas palavras
Mas fogem como cervos assustados
Frente a possibilidade
De serem ditas a você
No geral sou muito clara
E os fatos você conhece
Mas tanta coisa se perde
Nesse meu medo bobo
De ser inadequada
Pra onde as palavras vão quando correm?
Onde elas dormem?
É sempre você
Que me deixa sem palavras.

Gabriela Tavares
14/12/2010 - 00:29

Beleza Relativa

Você é lindo
Porque são meus olhos
Que te olham

Através deles,
Filtros do mundo
Forma-se a imagem do outro
Traduzida em cores e formas
Misturada com os sentimentos.
Ver depende do que está por dentro
E assim o vejo
Forma cercada de luz
Que traz com seu sorriso
A Aurora do meu dia.

Gabriela Tavares
14/12/2010 - 00:23

domingo, 12 de dezembro de 2010

Marcas

Quero me abrir como uma Lótus
E espalhar pelo teu quarto 
Meu cheiro
Deixar a marca do meu corpo
Em teu colchão
De onde broto
Nova e roxa
E branca e vermelha
Meu coração se expande batendo
No espaço que entre nós
Se forma
Por que não?
Por que não ficar assim?
Aqui e agora
A Lua
Brilha lá fora.

Gabriela Tavares
08/12/2010 - 22:02


Resposta

A minha resposta é sim
Cabe a você descobrir a pergunta
Rio, feliz
Ao seu lado vendo-te com medo
E independente de tudo
Digo sim
Eu quero
Quero tudo
Quedo-me nessa nossa cama
Dizendo sempre sim
Espero a pergunta.

Gabriela Tavares
08/12/2010 - 21:32



Deixa queimar
E queima
Aqui por dentro
Não sei bem onde
Pra onde foi meu controle?
Você viu?
Você me vê?
Não sei
Mas permanesce o fato
Que queima
Fogo e fumaça
Sobem aos céus
Entro no mar e a água ferve
Como meu sangue
Minha saliva
Cadê você?
Te convido a queimar em mim
E espero
Em chamas.

Gabriela Tavares
08/12/2010 - 21:10

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Me toca
Trás a tona o que em mim
Está coberto
Me desnuda na areia
À mercê de todas as estrelas
Aqui no meio de Copacabana
Não tenho vergonha
Quando é você que o faz
Porque não devemos ter vergonha
Do que sentimos
E eu nunca terei
Vamos mostrar a todos
Sob a luz do holofote
O que é ser completo
E se entregar
De verdade.

Gabriela Tavares
01/12/2010 - 11:00
Me toca mais
Só mais um pouquinho
Não me deixe aqui
A querer
Querer tanto
E só
Me encaixar em você
Cá estou incompleta
Sem seus braços ao meu redor
Me beija mais
Preciso da sua saliva
Pra não explodir em chamas
De combustão instantânea
Tenho calor
Tira minha roupa
Me leva de volta
A minha condição natural
Planíce de pele
Para você percorrer.

Gabriela Tavares
01/12/2010 - 21:59

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sobreposição


Sal e saliva sobre a pele
Juntos
Sendo o que somos
Mesmo sem sermos
Te beijo
E descubro que o infinito existe
Aqui
Sobreposto a noite
Por onde vagamos
De mãos dadas.

Gabriela Tavares
01/12/2010 - 01:49


sábado, 27 de novembro de 2010

Inevitabilidade




A porta se fechou e eu nem olhei pra tras
Estava ali presa
Olhando para meu companheiro de cela
Que agora se aproximava para me dizer
O que eu já sabia
Que estava além de qualquer salvação
Chegara ao fim de um caminho que não tinha volta
E ao ouvi-lo dizer isso eu sorria
Abandonara já toda esperança (e vontade) de retorno
Olhando nos olhos do poeta disse:
O que te faz pensar que eu não sabia?
Escolhi cada passo que dei
E ao entrar na última armadilha
Já sabia que você estaria aqui a minha espera
Pois ao me afundar dentro de você
Te trouxe  para mais fundo dentro de mim
Olha pros seus pés
Eles carregam as mesmas correntes
Não estou sozinha aqui
E a inevitabilidade das coisas me leva a crer
E não existe por que tentar sair
Estou exatamente onde deveria estar
E você?

27/11-03:03

Armadilha

Foge
Poetas são armadilhas
Poços sem fundo
De onde nunca vais sair
Corre pois os olhos de um poeta são buracos negros
Sua boca alçapão
O corpo do poeta se faz de areia movediça
Te suga pra dentro
O coração de um poeta é como sala secreta
Você entra e só sente que está preso
No momento derradeiro em que a porta se fecha
Em suas costas
Corre
Poetas são vulcões adormecidos
São fendas profundas no mar de solidão
Deverias correr
Mas já não podes mais
A porta ja fechou
E o que te resta é estar
Dentro do coração do poeta
Juntos numa mesma armadilha
Não querendo tirar o pé antes do click.

Gabriela Tavares
27/11 - 02:28


quarta-feira, 24 de novembro de 2010


Vestir-se?
Pra que?
Vamos continuar juntos aqui
Num espaço alheio ao tempo
Onde nós marcamos o nosso ritmo
Por comer, se amar, dormir
Numa sucessão de dias e noites
Embaralhando e sincronizando
Nossos relógios biológicos
Quer vestir-se?
Vista-se com meu suor
Com o seu, misturados
Fazem uma roupa linda
Que se tira no banho
Onde eu te ensaboou e você me seca
Pra não molhar a cama
Ao voltar pra ela
Seu quarto
Planeta que orbita independente
É com certeza perto do Sol
E da Lua,
Que está em meu corpo
E que você beija
Me veste de saliva
E na penumbra eu brilho
Pele e olhos a luz de velas
Que aula?
Que trabalho?
Quando tudo que existe permanesce
Contido no espaço
Da nossa nudez.

Gabriela Tavares
23/11/2010 - 00:35

As vezes me faltam palavras
E fico num silêncio
Que cheio de Significados
Se desdobra
Preenchendo o espaço e a distância
Entre nós
O silêncio da espera
Marca minha tarde
Ressoa ensurdecedor
Dentro da minha cabeça
Tenho vontade de correr
De sair voando
Qualquer coisa que acelere
A chegada da noite
Onde um fogo lento e forte
Me consome devagar
E prazeres me esperam
Numa cama onde irei
Me deleitar em teu corpo quente
Que transforma minha carne
Fria em trêmulo calor
E desabrocha como flor
Quando você me toca.

Gabriela Tavares
19/11/2010 - 15:40



Onde está você que não está na minha cama?
Vou dormir e você não está aqui pra me aquecer
Meu cheiro já está impregnado na sua cama
Por causa da noite
Que passamos juntos ontem
Você tem o conforto de saber
Que era na cama onde você se deita agora
Que estávamos
E eu?
O que me sobra é a minha própria cama
Sempre vazia
Mas pelo menos o vazio não é de tristeza
E sim de saudade
Quero me encaixar no seu abraço
Roubar seu calor
Dormir enrolada em você
Num mundo particular
Debaixo de um edredon

Gabriela Tavares
16/11/2010 - 02:47

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Curta

Diante da aurora fria
A madrugada avança
Incansável
Dois corpos se entrelaçam
Mais uma vez
Mirando o infinito

10/11/2010 - 17:00

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O Beijo de Gustav Klint


Tô inspirada hoje e decidi postar esse quadro do Klint que me diz muitas coisas. Espero que diga coisas pra vocês também.

Noite e Manhã

Gosto quando entra em mim
Com a calma calculada
De um homem que sabe o que faz
E me olha nos olhos
Enquanto se coloca
Centimetro por centimetro
Devagar
Pois gosta de me ver trêmula
E só me dá mais quando eu
Imploro
Beija minhas marcas
Se embaraça em meus cabelos
E deixa na minha boca o gosto
De coisas amargas, doces e salgadas
Todas juntas formando
Um novo universo toda vez que me
Beija
Se entranha em mim
Noite a dentro
Até que de manhã
Sou forçada a dizer que
Não posso mais
E diante disso se retira
Me abraça
E me olha dormir
Com todo o jeito de quem sabe
Esperar as coisas boas que estão
Por vir
Me acorda com mordidas na nuca
Exposta
Estou aberta como um livro
Esperando que me leia
Mas a manhã passou e vou embora
Tudo bem,
Outras noites virão
E manhãs também.

Gabriela Tavares
07/11/2010 - 05:44

Inspirado no trabalho do poeta Pedro Cavalcante

sábado, 30 de outubro de 2010

Você disse que estava surpreso
"Como você superou rápido"
Querido, engana-se
Eu não supero
Só sigo em frente e tento ficar em paz com as coisas
O que fazer quando o amor não é o bastante pra continuar?
Chorar (só uma vez)
E continuar andando
Mesmo quando o vento te empurra pra trás
E quando a lama vem a altura do peito.
E eu, tal qual vontade,
Simplesmente vou dar em outro lugar
E você, eu não sei
Nem vou perguntar
Porque morro seca
Mas nada falo
Você não nota, mas
É no silêncio que eu grito mais alto.

Gabriela Tavares
28/10/2010 - 03:26



Pra não dizer que eu não falei de flores

Não me fale de rosas
Nem de caixas de bombom
O amor só traz problemas
Tudo que ele te dá
Tira sem remorso ao menor capricho
E te deixa com um gosto amargo
Na boca e no coração
Então não me fale de carinho
Ou de algemas de compromisso
Te chuto pra fora da cama antes
Não me venha falar de amor agora
Não vou ouvir
Porque ninguém nunca é feliz
Fora de uma comédia romântica.

Gabriela Tavares
 23/10/2010 - 04:40


Ah, esse poema lá em casa...

Surgiu um dia esse poema
Que chegou e já foi se instalando
Não pediu licença
Nem agradeceu
O espaço que lhe dei dentro de mim
E toda vez que estava prestes a reclamar
Ele se chegava
Se declamava
E eu ficava molinha, molinha
E pensava
Ah, esse poema lá em casa...
Ele tinha esse jeito
De te fazer sentir
Como se tivesse sido escrito
Só pra você.
E com isso ia entrando
Entrando
Se entranhando
Tão emaranhado que já não se sabia
Onde parava a sua poesia e esse poema começava
Ai um dia foi embora
Declamar-se por aí.
Não o culpo
Era sua natureza
Ser lindo e efêmero como nuvem
Foi-se
Mas até hoje não consigo deixar de pensar
Ah, esse poema lá em casa...

Gabriela Tavares
13/10/2010 - 19:46


Histeria



Sinto dentro de mim
Algo se movendo
Uma coisa não identificada
Que me consome aos poucos
Devorando devagar
Pequenos pedaços da minha sanidade.
Cada segundo que passa
Mais um milímetro da minha calma
Vai embora não sei pra onde.
Estar no controle de mim sempre foi minha natureza
Apesar disso
Um minuto se passou
Mais um pedaço perdido
Dois minutos
Dois pedaços
Uma nova coisa cresce e toma espaço em seu lugar
Logo vai me consumir inteira
Tenho medo
Daqui pra frente tudo é incerteza
Digo novamente, tenho medo
Será que a minha vida
Vai começar de verdade
Agora?

Gabriela Tavares
25/09/2010 - 03:04

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Saudade



Você faz falta entre as minhas pernas.
Eu era feliz quando você escorria de mim
De um jeito que nunca tinha sido.
Se dependesse da minha vontade
Eu seria para sempre sua bainha,
Seria mãe de todos os seus filhos,
Nunca deixaria de gozar voce dentro de mim.
Ter você por dentro me trazia tanta paz.
E agora sozinha
Escorrendo o que quando vinha de você me dava tanto orgulho
De um anônimo qualquer que serviu ao seu proposito
So me faz sentir mais aguda a sua ausência.
Você faz falta entre as minhas pernas.

Gabriela Tavares
20/09/2010 - 02:22

sábado, 4 de setembro de 2010

Not Fair - Lily Allen



Essa música é muito boa... todas as mulheres do mundo já passaram por isso. rsrsrsrsrs

Sem título

O grande poeta Augusto dos Anjos disse:
"Acostuma-te a lama que te espera!"
Ah, amigo
Você não sabe
Que ser humano se acostuma até com merda?
O que é uma laminha aqui e ali
Perto da merda gigantesca que espera por você?
E não estou tirando o meu da reta não...
Ela também esperava por mim
Mas a vantagem
É que eu agora já estou nela
A pilha que te espera é bem maior que a minha
Pois merda tem a tendencia de ir acumulando
Então espera, sua hora vai chegar
Enquanto isso
Eu observo
Da montanha de flores
Que eu plantei no adubo da minha vida.

Gabriela Tavares
03/09/2010 - 2:30

Um horizontal na vertical

Casais rodam e rodam
Pela pista de dança
Dançando, dançando
Um homem e uma mulher
Se encontram e dançam
Rodando, rodando
Todas as coisas evanescem
O espaço se estreita
Rodando, rodando
No ritmo rápido de uma batida
Dançando
Se abraçam e se apertam
De rosto colado
Uma pausa
Um rebolado
Verticalizando desejos horizontais
Se beijam
Rodando, rodando.

Gabriela Tavares
02/09/2010 - 13:05 

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Pulsos

O que você vê quando olha pra mim?
Você já cansou de me dizer que vê além
Então me diz
O que você vê?
Pra mim o que você vê é a minha máscara
Superfície tratada, aprimorada e polida
Que eu apresento ao mundo para me proteger dele
E ele de mim.
Não nego que você me conhece mais do que a maioria
Mas se você visse o que eu vejo quando olho pra dentro...
Não sei como reagiria.
O que eu sinto não é bonito
Nem poético
Minha dor é lenta, forte, vil
Me corrói por dentro
Se desloca enquanto não estou olhando
E quando distraida
Ela me ataca
Súbita, e me arrasta pra baixo com ela

Hoje cortei os pulsos com a minha caneta
Pra não cortar com uma faca.

Gabriela Tavares
31/08/2010 - 12:15

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Aluando



Quando a Lua enche
Me faz também plena
Tal qual sua branca superfície
Minha pele alva e marcada se dilata e se incendeia
Não consigo mais caber em mim
De tão cheia.
E depois que escorre de mim um rio fértil
Fogo corre pelo meu corpo acima
Meu andar vira felino
Minha boca se enche d'água
Meu olhar se enche de promessas
E em minha voz ecoam convites
Tudo que há em mim exala
Um cheiro doce de pecado velado
Hoje, sinto esse momento se aproximar
Sorrateiro.
Ofego,
Cheia de expectativa
Espero que você apareça
Antes d'eu explodir.

Gabriela Tavares
27/08/2010 - 17:30

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Manifesto

Desculpe, mas não vou me desculpar por nada do que sinto.
Sinto, e sinto mesmo tudo o que eu quiser sentir.
Sinto muito se você não sente nada
Nada posso fazer quanto a isso
Agora, quanto a mim...
Me dá vontade de gritar:
Te amo, porra!
E quer saber
Esse amor é meu
Ele existe dentro de mim e somente para mim
Faço com ele o que eu quiser
Dou dele o que tiver que dar
Quero deixar bem claro
Que ele é meu. E nele você não vai tocar
A culpa não é minha se você é incapaz de recebê-lo
Eu não tenho nada a ver com seus problemas
Se você não quer pegar a mão que te estendo em ajuda
Vai e resolve eles sozinho
Eu ainda estarei aqui.
Não é você que vai me dizer como gastar meu tempo
Ou meu esforço
Toda escolha é minha
E não são suas ações que vão me mudar
Meu amor continua sendo meu
E só será seu
Enquanto eu o quiser dar.

Gabriela Tavares
26/08/2010 - 3:38

Chega !

Parem de fazer poemas de amor
Cansei de ouvi-los, de lê-los, de conhecê-los
Eu imploro
Parem por favor.
Tais poemas me torturam
Cortam minha carne
Me penetram
Tal qual falo violador
Me machucam
Sem querer com sua felicidade ignorante
Mal sabem tais poemas
Que seus dias estão estão contados
Sua felicidade prestes a acabar
Pois nada nesse mundo dura
Além do meu próprio amar.

Gabriela Tavares
25/08/2010 - 22:15
Escrito durante o POLEM

domingo, 22 de agosto de 2010

Folhetim

Memória

Todo mundo sempre me diz que a minha memória é ótima. Se surpreendem quando eu lembro de detalhes e situações do passado distante. Eu normalmente faço uma piada e agradeço. Gosto da minha memória bizarra. O que as pessoas se esquecem (rs) é que esse meu dom funciona pros dois lados...eu não só me lembro das coisas boas como também me lembro com perfeição das ruins. As vezes nem é tão bom assim se lembrar das coisas boas porque elas geralmente te machucam depois. Então vocês leitores que tem uma memória normal devem agradecer e valorizar o que têm. O esquecimento é sempre subestimado...quem me dera esquecer as coisas. O esquecimento é confortável, feliz, e ignorante. Lindo. Mas esse conforto me é negado. Eu me lembro de tudo. Todas as conversas. Todos os carinhos. Cada vez em que o mundo parecia parar diante de um olhar que durava a eternidade. (escrevi bonito agora heim). E isso quando se está triste é uma merda. Tenho sempre que me policiar porque se eu me permitir entro em um turbilhão de lembranças que não acabam mais. Nenhuma ferida em mim se cura por completo...apesar das coisas eventualmente melhorarem e de tudo acabar sempre ficando bem eu sempre vou me lembrar exatamente do que aconteceu e de como eu me senti e de repente tudo volta e sofro de novo por uma coisa que já passou.
Obviamente eu estou triste agora...mas escrever tem ajudado muito. Eu sempre fui de guardar as coisas e esse colocar pra fora é novo pra mim. Me desculpem se eu soar meio melosa. Talvez eu esteja me tornando uma pessoa mais saudável. Ou pelo menos uma pessoa menos implosiva. De qualquer forma o que me resta fazer é tocar pra frente, ligar meu botão de distanciamento emocional (falarei sobre ele mais tarde) e torcer pra que as memórias boas continuem comigo até a época em que eu irei olhar pra trás...e sorrir.

Gabriela Tavares

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

ISBN: Desconhecido

Quero me transformar num livro
Tatuar em minha carne todos os poemas que você escrever pra mim
Serei testemunho da sua obra
Referência do seu talento
Poesia viva que se movimenta
Impressa eternamente nessa carne sempre tua.

Gabriela Tavares
19/08/2010 - 00:51

Borboletas

                                                      Não afogue as borboletas do seu estômago
Deixa elas voarem livres
Abre a sua boca e solta elas no mundo
Me dá uma de presente
Me dá duas
Cada beijo que você me deu foi uma que saiu voando
Acredita em mim quando eu te digo
Que elas existem justamente pra isso
Voar em volta de nós
Por isso te falo
Vem e me beija
Solta mais uma
e outra
                                                       e outra
                                                       e outra...

                                                          Gabriela Tavares
                                                                                        19/08/2010 - 00:39

Na minha cama fria

Volto agora para a casa que não é bem o meu lar
Na madrugada gelada de uma noite de agosto.
Estive com você hoje e foi mais fácil do que eu pensei que seria
Imagino que a minha fachada calma não te engana.
Você me conhece.
Eu te disse as coisas mais intimas sobre mim na nossa cama.
Aquela cama que são muitas
A cama de motel barato
A cama de outra cidade
A tua cama de solteiro.
Todas essas são a nossa cama
Pois o que a (ou as) fazia especial eramos nós.
Deitados juntos
Transando, conversando ou só se olhando.
E pensando nisso eu reparei
Que nunca fizemos nossa a minha cama
Esta continua lá
Fria e vazia.
Nenhuma lembrança reside nela além da lembrança dos meus sonhos
E é pra ela que eu retorno agora
Pra deitar, (talvez) chorar, dormir, sonhar
E acordar com a certeza
De que não importa  o que aconteça
Ela continuará lá
Vazia
E fria.

Gabriela Tavares
19/08/2010 - 00:30

Uma música pra mostrar como eu me sinto



Uma das músicas mais tristes e mais lindas que já ouvi.

Momento descarrego

A tristeza incomoda as pessoas...
Parece que ninguém quer ser lembrado de que existem outras pessoas com suas próprias dores além do seu universo pessoal. Ontem eu me dei conta disso no ônibus enquanto voltava pra casa. A Vida veio mais uma vez escarrar na minha cara sem necessidade e eu estava triste. Chorei a viajem inteira, não me envergonho em dizer, nada havia de belo em meus soluços. Sempre fico boba quando vejo certas mulheres que quando choraram ficam até mais bonitas...eu não sou uma dessas...meus olhos ficam vermelhos e inchados e meu nariz escorre e meu rosto transparece tudo o que eu estou sentindo(e isso é raro). Mas voltemos ao desconforto alheio...me sentei atrás do banco alto traseiro para ter mais privacidade e o ônibus foi enchendo. Um senhor me pediu licença para se sentar ao meu lado e pareceu manter uma distancia respeitosa. Algumas pessoas em volta olhavam as vezes mas a maior parte do tempo elas preferiam desviar seu olhar. O inusitado foi o rapaz que se sentou diretamente a minha frente, no banco alto. Ele olhou pelo reflexo da janela algumas vezes...colocou um fone de ouvido e tentou se distrair mas enfim desistiu e no meio da viajem foi se sentar em outro lugar. Eu achei isso uma coisa de viado (sem ofença a homosexuais). No meio de tuda aquela merda vem o cara e faz uma coisa dessas. Quase me levantei e disse pra ele: "Quem é vc pra se sentir desconfortável com o meu sofrimento?!". Mas achei melhor chorar sossegada no meu canto.

Quando desci do ônibus imagino que as pessoas tenham ficado aliviadas...não prestei muita atenção...só tentei não cair com as minhas pernas bambas e minha vista turva. Honestamente...que se fodam elas. Não fui direto pra casa, a única coisa pior do que eu estava sentindo seria minha mãe perguntando qual é o problema. Não gosto de gente se metendo na minha vida e ela força a barra. Fui pra casa de um amigo que apesar da hora me atendeu prontamente. A gente já é amigo a tanto tempo que de longe, quando ele abriu a janelinha da porta, ele viu que tinha alguma coisa errada. Conversamos bastante e eu consegui me acalmar bem. Sua presença sempre me confortou em todos os momentos dificeis e acreditem ele já esteve comigo em muitos.

Não sei muito bem por que estou postando isso no blog...mas senti que precisava escrever alguma coisa ou explodir e o cara ficou com a minha única caneta ontem rsrsrsrsr. O Bukowski tinha muitos textos assim...onde ele contava como se sentia em relação as coisas. Não estou me comparando mas se ele podia então por que eu não posso também.

E as pessoas que ficarem desconfortaveis com esse texto...por favor não fiquem...saiam de seus casulos e abraçem o mundo...ou fodam-se...não necessariamente nessa ordem.

Gabriela Tavares

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Aniversário do Bukowski

Não poderia deixar de marcar essa data especial. Aqui vai um poema.

 

 

A Love Poem

todas as mulheres
todos os beijos as
diferentes formas que amam e
falam e carecem.
suas orelhas todas elas têm
orelhas e
gargantas e vestidos
e sapatos e
automóveis e ex-
maridos.
na maioria das vezes
as mulheres são muito
quentes elas me lembram
torrada com a manteiga
derretida
nela.
está estampado no
olhar: elas foram
tomadas elas foram
enganadas. eu nunca sei o que
fazer por
elas.
sou
um bom cozinheiro um bom
ouvinte
mas nunca aprendi a
dançar — eu estava ocupado
com coisas maiores.
mas eu apreciei suas variadas
camas
fumando cigarros
olhando para o
teto. não fui nocivo nem
desleal. apenas
um aprendiz.
eu sei que todas têm
pés e descalças elas andam pelo piso enquanto
eu olho suas modestas bundas no
escuro. sei que gostam de mim, algumas até
me amam
mas eu amo muito
poucas.
algumas me dão laranjas e vitaminas;
outras falam mansamente da
infância e pais e
paisagens; algumas são quase
loucas mas nenhuma delas deixa de fazer
sentido; algumas amam
bem, outras nem
tanto; as melhores no sexo nem sempre são as
melhores em outras
coisas; cada uma tem seus limites como eu tenho
limites e nós aprendemos
cada qual
rapidamente.
todas as mulheres todas as
mulheres todos os
quartos
os tapetes as
fotos as
cortinas, é
algo como uma igreja
raramente se ouve
uma risada.
essas orelhas esses
braços esses
cotovelos esses olhos
olhando, o afeto
e a carência eu tenho
agüentado eu tenho
agüentado.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Será que eu fecundei o Mar?

Numa cidade distante
Além da Realidade
Eu entro no Mar
Carregando dentro de mim
Um pedaço de você.
O Mar me envolve, me abraça
Tira de mim todas as preocupações
De como vão ser os dias que virão
Me abro para ele e deixo sua alma me tocar
De dentro de mim flui para o Mar o que eu carrego de você
E ao sair dele para seguir meu caminho
Eu penso
Será que eu fecundei o Mar?

                                                                                                       Gabriela Tavares

domingo, 1 de agosto de 2010

Teias de aranha na garganta

Por que nunca dizemos o que realmente queremos dizer?
Ficamos perdidos num labirinto de amenidades e comentarios casuais.
Por que uma pessoa não pode simplesmente dizer: "Eu gosto de você" ou "Desaparece, não quero te ver mais"
Sem que um abismo de medo e consequencias se abra sobre seus pés dentro de sua cabeça.
As palavras têm poder
E quando são ditas e saem para o mundo
Levam consigo os desejos de quem as disse...
Se você tem o poder de moldar o seu mundo
Por que não o faz?
Abra seus olhos
Saia pra rua, pro telhado, pra pracinha...onde for
e GRITA tudo que se entala em sua garganta
Todos fomos treinados para engolir
Então eu entendo seu receio
Mas se dizem que uma voz sincera fala mais alto do que uma multidão
Imagine o que um grito sincero não faz.
Então seja forte e grite
Como eu estou gritando agora.

Gabriela Tavares


Sei que sou uma não-poeta...mas não é que acabei escrevendo uma poesia. XD

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Versos Íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!



Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

                                                  Augusto dos Anjos


Esse poema bombou (rsrsrs) no POLEM de ontem. Foram várias interpretações nos mais variados estilos.

Carne

Que importa se a distância estende entre nós léguas e léguas
Que importa se existe entre nós muitas montanhas?
O mesmo céu nos cobre
E a mesma terra liga nossos pés.
No céu e na terra é tua carne que palpita
Em tudo eu sinto o teu olhar se desdobrando
Na carícia violenta do teu beijo
Que importa a distância e que importa a montanha
Se tu és a extensão da carne
Sempre presente?

Vinicius de Moraes

Declamei esse poema ontem no POLEM - evento de amigo Poesia no Leme.

Esse é um dos meus quadros favoritos de Degas.
Ele adorava pintar bailarinas.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sonata ao Luar

Retrato em Branco e Preto

Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho,
E sei também que ali sozinho,
Eu vou ficar tanto pior
E o que é que eu posso contra o encanto,
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto e que, no entanto,
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes, velhos fatos,
Que num álbum de retratos
Eu teimo em colecionar

Lá vou eu de novo como um tolo,
Procurar o desconsolo,
Que cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras,
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever
Pra lhe dizer que isso é pecado,
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado e você sabe a razão
Vou colecionar mais um soneto,
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração

Je suis comme je suis

Je suis comme je suis
Je suis faite comme ça
Quand j’ai envie de rire
Oui je ris aux éclats
J’aime celui qui m'aime
Est-ce ma faute à moi
Si ce n’est pas le même
Que j’aime chaque fois
Je suis comme je suis
Je suis faite comme ça
Que voulez-vous de plus
Que voulez-vous de moi

Je suis faite pour plaire
Et n’y puis rien changer
Mes talons sont trop hauts
Ma taille trop cambrée
Mes seins beaucoup trop durs
Et mes yeux trop cernés
Et puis après
Qu’est-ce que ça peut vous faire
Je suis comme je suis
Je plais à qui je plais
Qu’est-ce que ça peut vous faire

Ce qui m’est arrivé
Oui j’ai aimé quelqu’un
Oui quelqu’un m’a aimé
Comme les enfants qui s’aiment
Simplement savent aimer
Aimer aimer...
Pourquoi me questionner
Je suis là pour vous plaire
Et n’y puis rien changer.

Jacques Prévert – (Né à Neuilly-sur-Seine)


Esse poema em particular parece que foi feito pra mim.

domingo, 11 de julho de 2010

Primeiro poema

Abrindo a seleção de poemas do blog aqui está um dos poemas de amor mais lindos que eu já li na minha vida...ele aparece no filme "Patch Adams" e é totalmente maravilhoso!

Infelizmente não sei qual é o autor no momento. 


Não te amo, como se fosses rosa de sal, topázio ou flecha de cravos que atiram chamasTe amo como se amam certas coisas escuras secretamente, entre a sombra e a alma

Eu te amo, sem saber como, nem quando, nem de onde.
Te amo simplesmente, sem complicações nem orgulho
Assim te amo porque não conheço outra maneira
Tão profundamente que tua mão em meu peito é a minha
Tão pro fundamente, que quando fechas os olhos contigo eu sonho

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Abrindo minha caixa de pandora pessoal

Esse é o meu primeiro blog.

Não sabia se teria paciência ou vontade de constantemente alimentar a internet com meus pensamentos. Outro problema meu é que eu nunca sei por onde começar...Não tenho pretensões de ser uma grande escritora, faço questão de deixar isso claro agora. Mas nessas ultimas semanas encontrei um "muso inspirador" que me fez ter vontade de desnudar minha alma. Primeiro pra ele e agora para o mundo. Muita coisa mudou em mim recentemente, pra melhor ou pra pior eu não sei dizer. O caos da minha vida interna tem se desenvolvido em proporções alarmantes. 

Por isso, esse novo espaço tem como objetivo colocar um pouco dessa minha vida interna pra fora e permitir que ela se espalhe por ai. Aqui se lerão meus pensamentos, poesias e músicas que me tocam de alguma forma ou que eu simplesmente goste no momento...em resumo tudo e nada...ao mesmo tempo. 

Hysteria - Muse

Começo

Todo caminho tem um começo...

Esse é o meu.

Tantas coisas aconteceram desde que minha jornada começou. Não sei ainda onde meu caminho vai me levar...mas pretendo segui-lo até o final.