segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Acho que eu passo tempo demais na rua

"Vamos dormir agora?"
Eu pergunto ao meu eu duplo
Que anda comigo pelas ruas
Com seus tijolos e muros
Que unidos
Compoe casa
Com telhado de céu
E chuveiro de chuva
Não tem cadeira
Só a cama sempre mudando de lugar
E o líquido
E a Lua que apagamos antes de dormir.

07/10

Esvaziando aos poucos

Não tenho mais palavras
Apenas carrego meus olhos
E pedaços do coração que eu desenho
Inteiro
Sinto a Lua na pele
E o ar da noite
Que congela tudo
Menos a casca que eu carrego
Por fora.

07/10

Duas Gabrielas numa mesa de bar

Com toda noite pela frente
Para beber
E brindar aos livros e aos garçons
Que são sua compania
Inseparável
Uma Gabriela com outra
Unidas pela antropofagia líquida
E a vontade de consumir a si mesma.
07/10

Olhos negros

A noite é escura.
A luz ausente das estrelas
brilha
Mesmo que não ilumine nada
E todo resto é escuro junto com a noite

Olhos escuros
Cabelos escuros
E com o coração imerso em sombras.

07/10

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

As coisas que deixamos em suspenso

Não queria ficar com essa pendência
O poema não lido
Uma conversa em suspenso
a vida segue em frente
o que fica?
pendências
a calcinha esquecida na gaveta de cuecas
alguns livros
um par de chinelos velhos
um caderno cheio de poemas não publicados
e aquele gosto
de ferro na boca
as vezes eu queria ser tão dura
quanto a minha caneta
olho no espelho e quase vejo
sempre o quase
e o grito que eu não dei
tantos anos atrás
do meu primeiro amor
quando ainda era uma menina.
 
05/10
 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Between night and morning

As I crawl to my bed
I can feel you in the insides of my thighs
And even if you are not
You linger
Closer
Every night
But still not here.

And as I lie
Sleepless
I can hear you breathing on my pillow
Sometimes I think I can almost touch you
As if you were right there
Behind the tissue of the world.

Half-awake
I feel my nails dig the skin of your back.

Can you feel me?

04/10