segunda-feira, 11 de junho de 2012

Diálogo


- amor, te desejo boa noite. Acho que agora vou embora.
- Por que, querida? Ainda é tão cedo...
- Eu sei. Mas canso. Todos esses dias livres tiveram seu preço. E agora eu pago.
- Não pensei que era tanto...estávamos bem e somos jovens.
- A juventude não se mede só em anos e agora, hoje, me sinto velha.
- Nunca
- Acabando o copo eu vou me deitar.
- Certo, vamos então. Se está tão cansada assim.
- Não, não com você.
- Com quem então?
- Sozinha. Vou me deitar comigo. Sou uma amante que não vejo há um tempo.
- Mesmo? Sozinha?
- Sim. Afinal sou a única que não me incomodo com as minhas cicatrizes.


11/06/12





domingo, 15 de abril de 2012

Caleidoscópio a um toque de distância

Por que eu te liguei?
Preciso de poesia. O mundo sobe uma oitava quando a gente se fala. Acho que é o nervosismo que eu sinto no começo...é eu sei que ele passa mas são os primeiros 5 minutos de não saber o que fazer com as mãos ou o que dizer que contam. As coisas mudam de cor. É engraçado. Essa é a única palavra que me ocorre. Eu poderia dizer que é complicado mas na realidade, se olharmos os fatos, não é mais. A complicação termina no ponto. O que sobra são as linhas em branco pra frente onde eu escrevo. Mas sinto que eu tenho que dizer que você me dá as melhores poesias. Até hoje e provavelmente depois.
Te liguei? Espera, não tenho o registro da ligação no celular. Mas tive uma conversa inteira com você dentro da cabeça. Agora eu lembro...pensei em te ligar, só. Perguntar se você estava por perto, como estão as coisas...

Pra eu poder ouvir sua voz

e ver o mundo mudar de cor a minha volta.

15/04

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Feeling good - Muse



Combina com como eu me sinto. Pra mim essa música é sobre luxúria e despentear os cabelos e fazer sexo debaixo das estrelas. Coisas erradas que tem um gosto bom. Coisas boas que existem quando você quebra a película da superfície. E como os problemas não importam mais tanto ao se entregar aberta. Pro mundo.

07/04

sábado, 31 de março de 2012

Cíclico

Por que toda essa desolação?
Esse espaço vazio?
O cabelo desalinhado pelas mãos
E as marcas de unha que elas deixaram
As minhas
Oito linhas amargas
Que são superficiais como a minha fraqueza
Faz tempo
(Não sei dizer quanto)
Eram doces
Ou salgadas de um jeito gostoso
Como chupar sal dos dedos
Onde fica?
E por que eu fico aqui
Consciente o tempo todo?
Foram 10 segundos ou 5 anos?
Não existem mais palavras
Mas eu ainda pergunto
E tenho a resposta escrita na carne

É porque você me pergunta se eu quero

E eu digo que sim.

28/03/12

domingo, 18 de março de 2012

O branco se foi

Gosto mesmo é dessas auto-indulgências criminosas
Dos momentos-bisturi
Que parecem tão inocentes
E brancos.
Da esquina que eu não virei
Da rua errada que eu peguei
E todas as outras.

Tá vendo minha mão?
Meu braço?

O mundo não pegou fogo ainda
E olha que eu nem bebi hoje.

Onde estão minhas pernas?
Pra onde foi meu corpo?
Acho que nos separamos quando virei a esquina
E agora fico aqui
Flutuando
Sem tato e cega
A luz é clara de mais
E eu sem minhas pálpebras.
Desconectada
Separada sempre dos meus desejos
Que brotam do chão.

Olha pra mim!
Você tá me vendo?
A carne é dormente mas eu estou aqui.

Tá me ouvindo?
Porque eu tô gritando
Mas não acho a minha garganta
Minha língua se perdeu na Lapa.

Agora, o branco se foi
O desejo é vermelho.


18/03/12

sábado, 3 de março de 2012

Ensaio de psicopatia (inspirado numa conversa sobre problemas psicológicos e a natureza humana)

Tem três mulheres no mundo que eu gostaria de matar.

E não é por loucura ou psicopatia...é só pelo gosto bom que ia dar no fundo da boca, o prazer que ia dar ao me espreguiçar na cama. Tá, admito, é um pouco de psicopatia. Mas se consolem no fato de que eu nunca matei niguém de verdade. Todas as três são do passado, e como todo bom passado, a maior parte do tempo eu nem penso nelas. Só as vezes, em alguma conversa ou no ônibus ou antes de dormir, eu penso que mataria. Assim do mesmo jeito que se corta um pão com a faca. O gesto cotidiano, sem complicações.

Mataria a primeira por raivas que podem não fazer sentido real. Só porque sofri ofensas por conta dela. E era tão preciosa que antes de matar eu a daria pra um bando de homens fazer livre uso. Já ia ser hora dela aprender como é o mundo e deixar de viver uma vida onde tudo é bonitinho e estupidez é tolerada. Acho que no final retalharia com uma faca, e o pano cobrindo o chão seria no futuro uma tela pra pendurar na sala da minha casa. Um trabalho abstrato em vermelho.

A segunda seria por causa da falta de respeito. Tem certas coisas que uma mulher simplesmente não pode fazer com a outra. Meu pai sempre chamou isso de "bancar a engraçada". E seu problema foi justamente esse. E morreria à la massa de pão. Eu ia quebrar os ossos começando de baixo pra cima. Provavelmente devagar pois eu ia ficar cansada. Crânio por último e a ofensa seria perdoada.

A terceira é complicada. Não é que ela tenha que morrer por ela mesma e suas ações. Apesar de já ter vacilado. Esse seria meu assassinato mais egoísta. Ia ser só pra pertubar uma terceira pessoa. Mas não temam, eu gosto dela.

Daria a ela um tiro na cabeça. Limpo

A morte mais fácil que eu poderia trazer.


04/03/2012

sábado, 14 de janeiro de 2012

Execício de bobagem

Amor, 
tenho tanto pra escrever
não sei
escrevo
mas sem assunto
falo
estou falando agora
viu aquela pergunta?
e o convite?
Seu cachecol tá enrrolado aqui
fiz pra você
não entreguei porque quebrei o pé
bloqueio de escritor por fratura
não foi exposta
e a vida não mudou
só ando com a perna mais pesada
alguém me pegou pelo tornozelo
e não me contou
não sei

viu?
escrevi.
=)

14/01/2012

P.S.: Achei essa foto minha engraçada.