quarta-feira, 24 de novembro de 2010


Vestir-se?
Pra que?
Vamos continuar juntos aqui
Num espaço alheio ao tempo
Onde nós marcamos o nosso ritmo
Por comer, se amar, dormir
Numa sucessão de dias e noites
Embaralhando e sincronizando
Nossos relógios biológicos
Quer vestir-se?
Vista-se com meu suor
Com o seu, misturados
Fazem uma roupa linda
Que se tira no banho
Onde eu te ensaboou e você me seca
Pra não molhar a cama
Ao voltar pra ela
Seu quarto
Planeta que orbita independente
É com certeza perto do Sol
E da Lua,
Que está em meu corpo
E que você beija
Me veste de saliva
E na penumbra eu brilho
Pele e olhos a luz de velas
Que aula?
Que trabalho?
Quando tudo que existe permanesce
Contido no espaço
Da nossa nudez.

Gabriela Tavares
23/11/2010 - 00:35

Um comentário:

  1. Tudo que existe permanece, contido no espaço, da nossa nudez.

    E assim vai nascendo uma poeta do gozo. Quem disse é só de dor que se faz a poesia? Ah... mata-me de inveja! Adorei a leitura do poema que você fez pra mim no Ratos. Obrigada!

    Bjos

    ResponderExcluir